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Musicalização infantil: qual é o papel da música na educação das crianças?

1 de agosto de 2017
6 minutos

Muitas vezes, as disciplinas escolares pecam por introduzir no aluno uma percepção fechada demais sobre os aspectos, como se a matemática ficasse restrita aos números, a gramática às pontuações e assim por diante. É por isso que o papel das artes e da musicalização infantil no processo educativo é importantíssimo.

Em um mundo cada vez mais tecnicista e complexo, educar os jovens e as crianças visando o esboço de uma sensibilidade crítica é essencial. Afinal, a capacidade de ver as situações e conseguir elaborar uma perspectiva mais sensível está se tornando algo raro.

No post de hoje, falaremos sobre o papel da música na educação infantil, seus principais benefícios e como aplicá-la na sua escola. Acompanhe!

A arte como instrumento de transformação

Ensinar técnicas artísticas para crianças não é uma atitude que precisa ter como principal objetivo o surgimento de um novo artista. A ideia de uma educação fomentada pela visão sensível é formar sujeitos que estejam aptos a olhar para a subjetividade que é inerente ao ser humano.

Segundo um artigo escrito por Isaac Roitman na Academia Brasileira de Ciências, “a arte é um importante trabalho educativo, pois procura, através das tendências individuais, amadurecer a formação do gosto, estimular a inteligência e contribuir para a formação da personalidade do indivíduo”.

Por “tendências individuais”, podemos compreender aquilo que é próprio de cada um. Ou seja, a música, bem como a pintura, a literatura e o teatro, nos educa a partir daquilo que sentimos. Mais do que isso, todas elas colaboram para lapidarmos a individualidade em si, mostrando-nos quem realmente somos.

Apurando nossos próprios sentidos, podemos chegar a determinadas conclusões que não são palpáveis se nos valermos apenas da lógica dos fatos ou do senso comum: torna-se possível analisar as situações com profundidade, considerando os mínimos detalhes.

Benefícios trazidos pela musicalização infantil

Além de apurar as percepções sensíveis e individuais, o contato com a musicalidade pode trazer outros ganhos. Separamos, logo abaixo, alguns deles:

Foco

Pode parecer estranho falar em foco quando imaginamos os pequenos dançando e se divertindo aos montes com uma música ligada no mais alto som. Conforme se educam musicalmente, porém, eles tendem a parar o que estão fazendo para se dedicar a sentir o som. Aos poucos, isso se estenderá para outras atividades e é aí que a magia acontece, porque se tornarão mais centrados.

Criatividade

Ao melhorar o raciocínio e a concentração, fica evidente que a sonoridade pode deixar os pequeninos mais criativos, porque eles direcionarão o pensamento produtivo para criar novas coisas.

Raciocinar melhor também deixa o terreno fértil para que se sintam mais livres: eles vão ousar e explorar campos até então ocultos de suas capacidades criativas.

Bagagem cultural

Como um produto artístico tem suas bases alinhadas a determinadas culturas, lidar com diferentes elementos também se mostra como um belo atrativo. Escutar a música erudita produzida na Itália dos anos 30 e depois ouvir um disco dos Beatles certamente causará um espanto positivo nos alunos.

De uma forma íntima e natural, eles entenderão que ambas as coisas são trabalhos musicais associados a contextos muito distintos. E, apesar das distâncias entre uma coisa e outra, compreenderão que é possível cultivar o apreço por ambas as obras e que elas coexistem no mundo, assim como as outras diferenças.

Desta maneira, surge o respeito do jovem por um gosto que não é igual ao seu.

Leitura e memória

Segundo a pesquisadora Nina Kraus, da Northwestern University, a audição faz com que os jovens leiam melhor.

Em uma pesquisa de mais de duas décadas, ela chegou à conclusão de que escutar músicas e prestar atenção aos timbres e tons melhora o desempenho acadêmico e ainda ajuda na memorização.

Desenvolvimento linguístico

Quando cantamos algo, a tendência é criar um laço com as palavras que estão presentes na letra.

O mesmo vale para os pequenos — se estiverem em fase de alfabetização, melhor ainda. Eles desenvolverão a habilidade de pronunciar fonemas e memorizar as divisões silábicas por conta dos ritmos.

Em relação a este benefício, especificamente, vale mostrar para as classes o duo brasileiro Palavra Cantada.

Expressão corporal

Os estímulos recebidos por meio dos sons e do ritmo de cada canção leva a criançada a se soltar e dançar bastante. O gesto contribui imensamente para que o corpo forme um repertório de expressões e movimentos.

Assim como se dá no teatro, as consequências da expressividade corpórea são transmitidas de fora para dentro, fazendo com que os tímidos interajam mais e busquem pela socialização com os colegas.

Coordenação motora

Quando induzimos a criança a segurar um instrumento ou estimulamos para que ela tente tocá-lo, as habilidades motoras finas são automaticamente trabalhadas. Bater palmas ou inventar alguns passos também auxilia muito no aprimoramento das diferentes coordenações.

Como inserir a musicalização infantil na escola

A primeira etapa consiste em deixar de lado a visão de que “isso não serve para nada”. A adesão de instrumentos, caixas de som e demais tecnologias deve ser vista como prioridade por um gestor escolar responsável e comprometido com a qualidade de ensino de sua instituição.

Apostar em uma equipe bem preparada também é fundamental. De nada adianta recorrer a um teórico musical excelente que não tem formação para lidar com crianças. Por outro lado, também seria totalmente inútil investir em um docente ótimo com a educação infantil, mas com pouquíssimo conhecimento a respeito de música.

Nesta hora, não é recomendado fazer adaptações: é preciso buscar pelo profissional ideal, cuja capacitação dê conta de unir as duas frentes teóricas necessárias e permita a ele saber exatamente como unir a percepção artística à pedagogia voltada para os mais novos.

São várias as técnicas que um bom professor pode utilizar:

  • ensinar, ainda que primitivamente, a tocar um instrumento;
  • escutar o ambiente;
  • contar histórias com efeitos sonoros;
  • construir novas instrumentações a partir de objetos inusitados
  • fazer jogos de adivinhação sobre artistas.

​Levando todas estas informações em conta, fica evidente o quanto a musicalização infantil é um aspecto educacional que não pode ficar de fora de instituições que prezam pela qualidade da formação oferecida acima de qualquer coisa.

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