Desde março deste ano vivemos tempos atípicos por conta da pandemia de Covid-19 que assola o mundo. Vários setores foram prejudicados e, com toda certeza, um dos mais impactados no momento é o da educação. Afinal, como cumprir o currículo escolar com aulas não presenciais?
De acordo com dados divulgados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), 186 países fecharam as escolas e universidades neste período, o que corresponde a 1,3 bilhão de estudantes dentro de casa. Este número representa 73,8% de todos os alunos no mundo.
Escolas pelo país estão há meses sem as aulas presenciais e muitas precisaram se reinventar para manter, mesmo de longe, o interesse e a rotina escolar viva no dia a dia dos alunos. Para suprir os dias longe da instituição, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou um parecer que garante que as aulas não presenciais contem como carga horária neste período em todas as etapas de ensino – desde a educação infantil até o ensino superior.
O principal objetivo do parecer é dar condições que as instituições de ensino consigam cumprir com o mínimo de carga horária por ano letivo prevista por lei, que é de 800 horas.
As atividades não presenciais são obrigatórias?
De acordo com o parecer, as atividades remotas não são obrigatórias, mas são necessárias para que o estudante não tenha um retrocesso na aprendizagem. Além disto, coma extensão da suspensão das aulas por conta da pandemia, limita-se muito a reposição das horas perdidas. Caso a escola opte por fazer desta forma, é possível que haja um comprometimento do calendário acadêmico de 2021 e 2022, por isso a necessidade de organizar agora o calendário e as rotinas escolares.
Aulas não presenciais: que tipo de atividade se encaixa na ementa?
Apesar da autorização do MEC para a contagem de aulas online como carga horária, o órgão não definiu como a escola deve avaliar os alunos. De acordo com o documento, conselhos estaduais e municipais podem definir como cada região vai seguir as orientações.
Dentre as atividades mais comuns estão as videoaulas, lives, atividades e avaliações interativas. O que vale lembrar é que, neste momento, a escola, junto com o seu corpo de docentes, entende a necessidade de atividades de cada turma e, cabe a cada um, avaliar a melhor forma de fazer a contagem dessas horas aulas.
As atividades ministradas não precisam ser necessariamente cumpridas por meio digital. A escola também pode montar e entregar aos pais e alunos apostilas de atividades, orientar leituras, pesquisas e exercícios indicados em apostilas, por exemplo.
O importante neste momento é analisar a realidade das redes de ensino locais. É necessário entender os limites de acesso dos estudantes e as tecnologias disponíveis para que não exista desigualdade entre os alunos.
Como fica a educação infantil neste período?
A novidade que este documento traz é que, a educação infantil agora também se enquadra dentro das séries que podem contabilizar os exercícios em casa como hora/aula. Atividades que compreendem crianças na creche e pré-escola e atende crianças de até 5 anos, não se encaixam no documento. Os exercícios ministrados dentro de casa não contam como carga horária e precisarão ser repostos presencialmente.
Apesar disto, o CNE incentiva que as escolas desenvolvam atividades para que os pais possam realizar junto com as crianças. Principalmente aquelas que estão em fase de alfabetização.
Neste momento, é extremamente necessário a ajuda dos pais no processo. O intuito é que a rotina escolar seja mantida mesmo de casa, e a comunicação/transparência com as famílias é de extrema importância neste momento.
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Como ficará após a normalização das aulas?
Apesar da autorização do MEC de que o ano letivo de 2020 tenha 200 dias, as 800 horas de carga horária continuam como obrigatória para o cumprimento.
Mesmo com a autorização da contagem das aulas à distância como carga horária, o tempo fora das salas não vai suprir as horas perdidas desde o início da pandemia. Por isso, o documento divulgado pelo CNE também traz orientações importantes sobre como será tratada a retomada das aulas pós-quarentena. Aulas aos sábados, ampliação da jornada de estudo com mais horas dias, contraturno escolar – extensão das aulas na escola por dia – e a suspensão das férias são pontos abordados.
Contudo, os conselhos estaduais e municipais de cada região podem definir como a distribuição de compensação das horas/aulas vai funcionar. Além disto, é necessário que a instituição faça uma avaliação de cada estudante. O intuito é saber se o conteúdo ministrado dentro de casa foi aprendido ou não.
“Muito além da carga horária, o principal que a gente coloca ali é que se consigam cumprir os objetivos de aprendizagem previstos no currículo e na Base Nacional Comum Curricular. A ideia é que se possa garantir atividades para os alunos nesse período e, ao mesmo tempo, para os alunos que não conseguirem realizar as atividades, que a rede tenha planos [de reposição] no retorno das atividades presenciais”, diz o relator do parecer, o conselheiro Eduardo Deschamps para a Agência Brasil.
O momento, por enquanto, é incerto. Mas um bom planejamento por parte da gestão da sua instituição pode fazer a diferença na hora das aulas presenciais voltarem. Faça reuniões periódicas com sua equipe, imponha metas e claro, conte com um bom sistema de gestão escolar. Leia nosso guia de boas práticas de como gerir a sua escola de casa e torne esse momento mais fácil.