O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é aplicado anualmente para medir o conhecimento adquirido pelos alunos ao longo do Ensino Médio. É uma alternativa aos vestibulares tradicionais e pode usada para o acesso a programas do governo como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
A nota do Enem também é aceita em mais de 50 instituições de ensino superior em Portugal, uma grande oportunidade para estudantes que desejam estudar fora do país. Além disso, os resultados do exame são usados para o desenvolvimento de estudos e indicadores educacionais.
É uma etapa decisiva para a vida dos estudantes e, por isso, é muito importante que a instituição de ensino prepare seus alunos com uma estratégia pedagógica específica e direcionada. A prova do Enem tem alguns diferenciais e é preciso fazer com que o aluno se acostume com eles. Para isso, você deve ajustar a sua metodologia de estudo no Ensino Médio.
Como criar e implantar uma estratégia que efetivamente prepare o aluno para o Enem? Qual é a importância dos simulados para melhorar o rendimento dos estudantes no exame? O que devo fazer para facilitar o acompanhamento da evolução do corpo estudantil?
Se você tem essas dúvidas, preparamos um conteúdo que vai te ajudar!
Continue a leitura!
Faça o planejamento para o Enem
A adesão ao Enem cresce a cada ano, tanto por parte dos candidatos quanto por parte das Instituições de Ensino Superior (IES) que adotam o Sisu como forma de seleção. E os indicadores de desempenho dos alunos impactam diretamente a imagem da escola que os preparou.
Desde 2005, quando o Ministério da Educação (MEC) passou a divulgar o ranking das escolas com base na pontuação de seus alunos, a competitividade ficou intensa. Por isso, muitos gestores buscam formas de melhorar o rendimento do seu corpo estudantil no Enem.
A lógica é a seguinte: como a proposta do Enem é diferente da abordagem dos vestibulares tradicionais, a instituição de ensino precisa ter uma estratégia especial. Ou seja, precisa criar um planejamento pedagógico com atividades e iniciativas voltadas para o Enem. Só assim vai conseguir um bom posicionamento no ranking.
Esse plano deve ser implantado ao longo do ano letivo. Portanto, perceba que é um trabalho de médio e longo prazo, contínuo e de incentivo. Para criar um plano eficiente, os gestores precisam estudar a metodologia do Enem e priorizar atividades interdisciplinares, englobando todos os professores e demais responsáveis pedagógicos.
Então, vamos por partes…
Qual é o objetivo do Enem?
O Enem avalia a capacidade que o candidato tem de resolver situações-problema usando o conhecimento adquirido ao longo do Ensino Médio. Não é apenas uma prova de memorização, como a maioria dos testes bimestrais e trimestrais. O exame testa múltiplas habilidades simultaneamente, seja em Química, História, Física ou Português.
A interpretação textual, a memorização de conceitos, o raciocínio lógico, a consciência dos principais acontecimentos políticos, econômicos e culturais, bem como de seu respaldo nacional e internacional são algumas das habilidades que serão avaliadas. Mas, acima de tudo, o estudante precisa associar teorias de diferentes ramos do saber.
Veja bem: as questões do Enem possuem um enunciado contextualizado, que propõe ligações entre teorias distintas para solucionar o exercício. Isso quer dizer que a proposição do problema tende a ser interdisciplinar.
Ou seja, ela exige que o candidato saiba trabalhar com saberes específicos de diferentes matérias. E é exatamente esse tipo de raciocínio que deve ser treinado durante o ano letivo.
Como o planejamento pode ajudar?
O planejamento escolar é um dos principais documentos da escola e, por isso, deve ser feito com todo cuidado. Para o aluno, ele pode representar apenas uma sequência anual ou semestral de atividades e deveres, mas demanda um esforço conjunto para definição das melhores práticas e distribuição do conteúdo programático.
É no planejamento que se define o que será ensinado, de que forma e com qual finalidade. Portanto, inserir atividades e recursos para preparar os alunos para o Enem, que é aplicado ao final do ano letivo, significa ter um plano de ação com ponto de partida e os resultados desejados.
Para isso, é importante que os envolvidos nessa etapa conheçam bem a realidade da escola, as turmas e a lógica que rege o Enem. Assim, eles vão saber definir exatamente o que fazer, quando fazer e de qual forma fazer.
Algumas perguntas podem te ajudar nesse processo:
- Como reforçar as habilidades interpretativas no dia a dia?
- Devo apostar em projetos interdisciplinares?
- Quais oficinas de raciocínio lógico aplicada ao cotidiano posso oferecer?
- Devo trazer questões de edições passadas para dentro da sala de aula ou promover grupos de debates sobre os eventos atuais?
- Qual é o melhor momento para usar a tecnologia como aliada?
- Como aplicar os simulados e com qual frequência?
Todas as iniciativas citadas acima são boas e vão servir para aperfeiçoar habilidades específicas dos estudantes. No entanto, você pode ir além e programar cada atividade para um determinado mês. Deixe bem claro no cronograma a periodicidade e a em qual ambiente escolar elas vão acontecer (em sala de aula ou no pátio, por exemplo).
O que é importante você saber
Tenha em mente que a preparação para o Enem no planejamento anual é um esforço coletivo e vai envolver todo mundo, inclusive os pais. Por isso, você deve conscientizá-los disso e incentivar a participação deles no projeto.
→ Como os pais podem ajudar no desempenho escolar dos filhos?
Outra dica é criar metas quanto ao desempenho das turmas e da escola como um todo. Você pode baseá-las no cronograma que criou e nos resultados que a escola teve em outros anos. Essas questões estatísticas podem parecer muito burocráticas, mas é mantendo o controle dos dados que você tem um senso real da sua evolução.
Antes de começar o ano letivo, faça um encontro entre os docentes no intuito de debater quais foram os resultados e o que pode ser repetido ou descartado. Além disso, geralmente, são dessas conversas que surgem ideias inovadoras e novas propostas de abordagens. É justamente isso que ajuda a escola a construir o seu diferencial.
Se você tiver dados em mãos, fica ainda mais fácil reformular as estratégias e estabelecer novas diretrizes. Acima de tudo, lembre-se: os professores estão mais próximos dos alunos, fazendo parte da sua realidade, e isso os torna uma fonte valiosa de feedbacks!
7 dicas para ajudar os seus alunos no Enem
Agora, vamos falar sobre a realidade dos alunos e pensar em formas de ajudá-los nesse período de preparação para o Enem. O primeiro objetivo de toda escola, a sua missão, deve ser a formação humana e a aprendizagem dos estudantes.
Todo mundo sabe que o Ensino Médio tem demandas físicas e psicológicas pesadas e que exige muita sabedoria do aluno. Sem contar o tempo que os estudantes passam em frente aos computadores e smartphones, absorvendo informações da internet. Ou seja, é um período em que a rotina é consideravelmente atribulada.
Por isso, é preciso planejar ações que não façam pressão além do que os adolescentes já sofrem. Você deve incentivá-los e oferecer instrumentos para facilitar a sua jornada.
→ Estratégias infalíveis para melhorar o desempenho dos alunos
1. Tudo começa pela formação humana
Você sabia que o Enem representa um dos únicos indicadores para medir a eficácia escolar no Brasil? É por isso que o ranking divulgado por escola é tão importante. No entanto, não se iluda: a missão principal da escola sempre deve ser conscientizar um cidadão de seus direitos como pessoa humana.
Um dos fatores que mais pesa no processo de aprendizagem é quando o aluno percebe que é tratado com dignidade, não sendo visto apenas como um número favorável ou desfavorável à instituição.
Categorizar os adolescentes de acordo com suas notas ou desempenho nas provas e simulados é uma forma de afastá-los do ambiente acadêmico. Isso faz com que eles enxerguem os estudos como uma obrigação ou fardo. Em vez disso, trabalhe para que eles percebam como essas habilidades vão acompanhá-los a vida toda, além de serem importantes para eles se desenvolverem em qualquer profissão.
2. A motivação é um fenômeno interno
Saiba, desde já, que a motivação é um fenômeno de ordem interna. Em outras palavras, é impossível motivar ou desmotivar alguém, pois isso nada mais é que uma leitura subjetiva, a uma interpretação das circunstâncias particular a cada indivíduo.
Porém, você pode ter uma série de estímulos externos que vão refletir em reações positivas. Por exemplo, ressaltar os aspectos práticos testados nas provas e mostrar como esse “treino” pode melhorar a absorção do conteúdo. Valorizar o aluno como um resolvedor de problemas também é uma estratégia valiosa.
3. Saiba como estimular as habilidades de interpretação textual
Para resolver as questões do Enem e se dar bem na redação, é preciso saber interpretar. E, para isso, só há um caminho: ler! Não tem como fugir.
Por isso, a sua escola deve apostar em formas de incentivar a leitura. Como promover eventos de leitura e facilitar o acesso dos alunos aos livros, às bibliotecas (inclusive as que estão fora do ambiente escolar, como as públicas, por exemplo) e a ambientes confortáveis e seguros, propícios para a leitura e a troca de ideias.
Você pode desenvolver um trabalho interdisciplinar com os professores, como de Português e Matemática, para mostrar que é possível ter um intercâmbio de técnicas de interpretação em qualquer disciplina. Os alunos devem não só internalizar as estratégias de leitura como também aplicá-las a assuntos distintos.
Muitos candidatos deixam de marcar pontos porque não conseguem compreender direito o que os enunciados pedem dele. Ou seja, apesar de dominar o conteúdo, eles ficam em desvantagem por falta de interpretação. Trabalhe para garantir que seus alunos sejam hábeis receptores e interpretadores de informações (numéricas e gramaticais).
4. O tempo e a sua gestão
Um elemento-chave da prova do Enem é o tempo que pode ser gasto com cada questão. O exame é dividido em duas tardes e a lista de matérias e conhecimentos abordados é bem longa. Isso sem contar a redação, que torna a dinâmica da prova ainda mais tensa e cansativa.
Por isso é tão importante que o aluno saiba gerenciar o seu próprio tempo. Ele deve ser capaz de calcular, de acordo com suas facilidades e dificuldades, o limite para a resolução de cada questão ou bloco de questões, e treinar para melhorar seu desempenho. Uma ótima iniciativa para ajudar o aluno nesse sentido é a aplicação de simulados.
5. Aposte em refazer exercícios de edições passadas
Os estudantes precisam se acostumar com a interdisciplinaridade da prova. Trazer questões de edições passadas do exame para debater em sala de aula é uma ótima forma de fazer isso. É melhor ainda quando o professor soluciona os exercícios com os alunos, explicando e trocando ideias sobre as questões.
Essa também é uma boa oportunidade para resolver dúvidas pontuais, além de ensaiar o passo a passo, acostumando o aluno à forma que o Enem cobra o conteúdo aprendido em sala de aula.
6. O acompanhamento e a superação das dificuldades
Quando o corpo docente e os gestores se unem para garantir que a aprendizagem seja efetiva, fica mais fácil acompanhar as turmas e identificar casos que precisam de mais atenção — ou de uma abordagem diferente.
É um esforço constante e que deve ser naturalizado, pois toda escola que tem uma equipe unida e verdadeiramente engajada na evolução dos alunos e na superação das dificuldades, se destaca.
É muito natural que alguns alunos tenham facilidade com as ciências exatas, por exemplo, enquanto outros se destacam na comunicação, seja ela escrita ou oral. Deixar claro que isso é normal deve fazer parte da proposta pedagógica, bem como oferecer suporte quando qualquer impedimento mais grave for detectado.
7. O incentivo à expressão e ao debate de opiniões
Essa dica é especialmente interessante para ajudar os alunos na elaboração da redação, um dos desafios mais temidos nos vestibulares e no Enem. É preciso um esforço em conjunto com o que foi exposto no item 3, para fazer com que o aluno pratique a leitura, a interpretação e a escrita. Justamente porque a redação exige o domínio dessas três habilidades.
Para ter bons argumentos na hora de escrever e evitar os famosos “brancos”, o aluno precisa ter um bom repertório de leitura e conhecimento sobre fatos contemporâneos. Por isso, você deve incentivar a leitura de jornais, revistas e livros, além do debate e da troca de ideias. Afinal, é interessante que o aluno consiga organizar e expor suas próprias ideias e opiniões, para desenvolver os argumentos de forma crítica.
Simulado do Enem: a principal arma de quem quer se dar bem na prova
A ideia do simulado já está bem disseminada no ensino brasileiro e isso tem um motivo claro. Como o nome sugere, um simulado é uma simulação da prova oficial, um treino que vai replicar todas as condições da prova. Portanto, serve como uma ferramenta precisa de desenvolvimento.
Por meio dos simulados, o estudante pode identificar se os seus estudos estão surtindo efeito e o que precisa melhorar. Já para a escola, os simulados do Enem representam um termômetro da eficácia de suas iniciativas e metodologias.
Com os resultados das turmas em cada disciplina, a instituição tem chances de ajustar e alinhar seu planejamento pedagógico, descartando ou incorporando abordagens específicas. É muito mais produtivo descobrir eventuais fraquezas, dificuldades e pontos que precisam ser ajustados em um simulado do que na hora H.
Minimizando o desgaste físico e a ansiedade
O Enem é um exame longo, que chega a durar mais de quatro horas, e cuja aplicação é bem diferente dos testes bimestrais e outras provas aplicadas ao longo do semestre. Elas são testes pontuais de absorção de conteúdo, já o Enem é um teste de habilidades e competências estruturais que fazem parte da vida de qualquer indivíduo adulto.
Por isso, é comum que os estudantes fiquem ansiosos em relação ao grande dia, o que pode afetar sua performance negativamente. Mas, com a aplicação regular de simulados, o aluno vai se acostumando com o formato das questões, às estratégias de resolução e à interpretação dos enunciados contextualizados. Assim, consegue aperfeiçoar, aos poucos, suas habilidades.
Além disso, os candidatos ficam sentados por um período relativamente longo, concentrados em uma única fonte de informação, sem perder o foco. Isso é desafiador e muito desgastante, o que exige muita disciplina e prática.
O simulado, mais uma vez, funciona para treinar a habilidade do aluno de ficar focado por um tempo. Entenda essa estratégia como uma forma efetiva de canalizar a atenção para uma só fonte de estímulo, mas sem aquela pressão do dia oficial.
Qual é a frequência com que o simulado deve ser aplicado?
Como o simulado é um treinamento para fazer com que o aluno esteja bem preparado para fazer o Enem, portanto, deve acontecer com certa periodicidade. Não se deve deixar passar muito tempo entre um simulado e outro, mas o aluno precisa ter espaço para absorver o impacto do seu desempenho e alinhar seus estudos.
Aplicar um simulado por bimestre é uma média interessante tanto para a escola quanto para o aluno. A proposta é justamente acostumar o aluno à lógica do Enem e manter a engrenagem funcionando, evitando que ele se assuste com as demandas de esforço e concentração no dia da prova oficial.
Os alunos e todos os outros envolvidos no processo de aprendizagem precisam encarar os simulados como um método de adaptação evolutiva, que vai resultar em uma melhor preparação para a prova.
Como se organizar?
Em qual ambiente da escola os simulados devem ser feitos? Devo fazer uma recapitulação do conteúdo? Uma correção geral após?
Bem, essas são estratégias que variam em cada escola: algumas preferem fazer do simulado um evento fora da sala de aula, enquanto outras optam por usar o ambiente que é mais familiar ao aluno.
É interessante planejar a aplicação de acordo com a estrutura física da escola e o parecer dos professores. Também é importante fazer uma revisão do conteúdo pré-simulado e complementar o evento com uma correção geral para resolver as questões mais controversas. Com isso, você vai ter dados concretos para acompanhar o desempenho de seus alunos e do corpo docente, garantindo que eles se acostumem com a metodologia do Enem.
Foi dada a largada para o Enem!
Criamos este conteúdo com o objetivo de detalhar a importância da preparação dos alunos da sua escola para as próximas edições do Enem, assim como dar exemplos de atividades e atitudes que podem ser feitas ao longo do ano.
Ao longo dos tópicos abordados, você também teve a oportunidade de perceber o quanto criar um bom planejamento pedagógico influencia no desenvolvimento das atividades de preparação para o Enem.
Esperamos que as ideias te inspirem a garantir o acompanhamento dos estudantes, bem como a pensar em novas formas de otimizar o seu rendimento. Sempre respeitando a individualidade de cada turma e aluno.
Lembre-se de que o Enem é um dos únicos indicadores de desempenho das escolas existentes no Brasil e que a sua posição nesse ranking influencia a imagem da sua instituição.
Mais algumas dicas
Mas também é importante ter em mente que a missão das escolas é garantir a aprendizagem e a formação de futuros universitários e profissionais conscientes de seus direitos e deveres. As estatísticas devem ser empregadas não para categorizar, mas para reconhecer os participantes do ano anterior e incentivar os próximos.
Os simulados, que são ótimas ferramentas para treinar as habilidades específicas cobradas no Enem e devem ser pensados de acordo com um plano de ação. Além disso, eles precisam ser aplicados com certa periodicidade, pois o seu objetivo é justamente preparar o aluno para o dia da prova oficial.
Agora você já conhece o objetivo do exame, sabe quais são os recursos que vão te ajudar a preparar os seus alunos e como empregá-los da melhor forma possível para maximizar o aproveitamento da prova. Então, aproveite as oportunidades e coloque as mãos na massa para fazer essa preparação para o Enem!
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