A gestão democrática nas escolas está baseada na coordenação de atitudes e ações que propõem e viabilizam a participação social no cotidiano das instituições. Nesse modelo de gestão, a comunidade escolar é considerada sujeito ativo.
Isso significa que professores, alunos, pais, responsáveis, gestores, equipe pedagógica e demais colaboradores podem e devem participar de todas as decisões da escola. Contudo, é preciso que todos tenha consciência sobre seus papéis.
Para que sua gestão escolar seja mais democrática, preparamos este artigo com as principais informações sobre o assunto. Confira!
O que é a gestão escolar democrática?
O termo gestão escolar surgiu com o objetivo de trazer para o contexto educacional os elementos e conceitos que estão relacionados com o aumento da eficiência dos processos — melhorando a qualidade do ensino.
Faz parte da rotina da gestão escolar abordar as questões que oferecem condições para que a instituição cumpra seu papel principal, ou seja, ensinar com qualidade e formar cidadãos preparados para a vida pessoal e profissional.
Desse modo, a gestão escolar direciona sua equipe para as ações que levam aos resultados. Isso ocorre por meio da valorização do potencial de liderança que cada membro da comunidade escolar tem.
Para funcionar, a gestão escolar é dividida em seis pilares interdependentes. São eles:
- Gestão pedagógica;
- Gestão administrativa;
- Gestão financeira;
- Gestão de recursos humanos;
- Gestão da comunicação;
- Gestão de tempo e eficiência dos processos.
O fato é que esses pilares podem ser convertidos para uma base segura e que envolve a participação mais ativa da comunidade escolar. Esse é o princípio da gestão democrática nas escolas.
Seu modelo de gestão pode ser autocrático ou democrático. Em uma autocracia, as decisões são verticais e vêm de quem está a frente do comando da instituição. Alguns gestores enxergam eficiência nesse modelo, pois garante a ordem.
Gestores autocráticos nem sempre conhecem as necessidades dos demais, principalmente de quem está na base da pirâmide. No contexto escolar, a autocracia pode afastar a direção das necessidades dos pais, alunos e até professores.
Por esse motivo, é importante que você considere a adoção de atitudes mais democráticas para que as pessoas possam expor suas necessidades, problemas e expectativas — maximizando suas chances de encontrar soluções verdadeiramente eficazes.
A gestão democrática nas escolas descentraliza as tomadas de decisão que envolvem a instituição de ensino, permitindo a participação do coletivo. Desse modo, além dos gestores, podem participar professores, demais funcionários e alunos.
Podem ter vez e voz todos aqueles que estão envolvidos na comunidade escolar, sempre com o suporte da instituição para que sejam fortalecidos o diálogo e a relação horizontal — sem destaque para as hierarquias.
Trata-se de um modelo de gestão amparado pela Constituição Federal de 1988, bem como reforçado pela Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) e pelo Plano Nacional de Educação (PNE).
A legislação brasileira entende que a gestão democrática nas escolas deve ser um dos princípios para que se alcance uma educação de alta qualidade. Por meio dela, é possível criar e fortalecer o vínculo da instituição com a comunidade.
Como resultado dessa aproximação e da gestão compartilhada, o aluno ganha o suporte necessário para aprender e se desenvolver. Além disso, a escola passa a ser vista como um espaço participativo.
É importante a reflexão sobre a prática social da educação por meio da democracia. Nem todos os membros da comunidade escolar têm consciência sobre seu papel e, quanto maior ela for, maiores serão as possibilidades de construirmos uma educação inclusiva, qualidade social e democrática para todos.
A gestão democrática nas escolas não é algo importante somente para a direção da escola. Esse é um assunto que precisa ser discutido, compreendido e colocado em prática por alunos, colaboradores, professores e responsáveis — além das associações e organizações do bairro e até da cidade.
Quais são os principais desafios enfrentados pelos gestores democráticos?
O conceito por trás da gestão democrática nas escolas é muito bonito, contudo, ele traz consigo alguns desafios. O primeiro está na Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96).
Essa lei aponta um rumo que precisa ser seguido, mas não detalha como isso pode ser feito. Ela aponta o lógico, mas não estabelece as diretrizes para que se seja possível delinear a gestão democrática.
Antes de estabelecer as diretrizes, os gestores escolares precisam compreender e se adaptar às mudanças que surgem na sociedade. Essa necessidade existe porque qualquer estrutura educativa precisa ser debatida a partir do seu aspecto histórico e social.
Trata-se de um processo que passa pela maneira como o ser humano, a partir de um contexto, analisa sua realidade. Isso o leva a perceber que é um transformador subjetivo do próprio momento.
Em muitos casos, esse ser humano desconhece o conceito de autonomia como uma construção contínua, individual e coletiva. As pessoas tendem a assumir ou repassar responsabilidades, jamais enxergar a possibilidade de coparticipar nos resultados.
O funcionamento de uma gestão democrática nas escolas obriga a participação de todos os níveis e instâncias nas decisões da instituição — permitindo um mútuo acompanhamento e uma troca de experiências enriquecedora.
Só que isso revela como muitos pais e responsáveis pelos alunos estão se afastando cada vez mais da escola e, em alguns casos, das próprias responsabilidades — delegando-as somente para a instituição de ensino.
Cabe à escola, como organização, se adaptar a nova sociedade — que reflete mudanças sociais, econômicas e políticas, apresentando novas expectativas, necessidades e problemas.
O fato de existir uma nova sociedade instiga a transformação do ambiente escolar, promovendo a democracia e a participação de todos. Isso permite enxergar o modo mais eficaz para fornecer os novos conhecimentos que ela precisa.
Com o conceito de gestão democrática nas escolas, outros vêm para acrescentar. Inovação, competitividade e produtividade são alguns desses conceitos, pois estão alinhados com os interesses da sociedade atual.
No entanto, essa transformação não pode ser unilateral. Ela precisa ser feita com a participação de toda a comunidade escolar, com enfoque no resultado positivo. Por um lado, a escola deve investir em conhecimento para aumentar sua capacidade de inovar e criar; por outro, a participação dos pais é indispensável.
O objetivo da gestão escolar democrática é garantir a aprendizagem efetiva e significativa dos alunos, para que eles desenvolvam as competências e habilidades demandadas pela sociedade.
Nesse contexto, as famílias devem acreditar no trabalho desenvolvido pela instituição de ensino. E o papel delas no contexto escolar é cada vez mais complexo, exigindo mais esforços e organização.
O aluno já não é mais preparado apenas para temas como física, biologia ou matemática. Ele precisa aprender a compreender a si mesmo, a vida e a sociedade na qual vive, ou seja, se tornar um cidadão.
Para tal, a escola precisa se reconstruir a partir do conceito da gestão democrática, ou seja, deve agir, se movimentar e sair da posição de executora. Cabe à escola pensar, refletir e tomar a iniciativa de convocar a comunidade escolar para essa mudança.
Qual é a importância da participação da comunidade escolar?
O educador, pedagogo e filósofo brasileiro Paulo Freire afirma que não é a educação que forma a sociedade, mas ela é a que estrutura o processo educacional em função dos próprios interesses.
Para entender a relação escola-família, bem como a importância da participação de pais e responsáveis no dia a dia da instituição de ensino, precisamos lembrar que uma faz parte da vida da outra.
De modo geral, com o objetivo de progredir, a sociedade cria necessidades. Isso demanda das instituições de ensino a formação para que os futuros cidadãos tenham as habilidades e competências desejadas.
Isso nos leva a refletir sobre a unilateralidade da relação sociedade-escola. Em muitos casos, a instituição de ensino é tratada como única responsável pela formação das crianças e adolescentes.
Observar essa relação unilateral gera o seguinte questionamento: como a escola consegue suprir as necessidades da sociedade se ela não participa do dia a dia da instituição? A resolução dessa situação vem da gestão democrática nas escolas.
Não é de hoje que a escola vem adotando um modelo estático e segmentado, sem a participação de todos os indivíduos que fazem parte da comunidade escolar. Isso revela o modelo de administração focado na figura do diretor.
Esse modelo de gestão é direcionado para o cumprimento das normas, determinações e regulamentos existentes. Contudo, isso não condiz com a realidade da sociedade atual — que é mais participativa em muitas frentes.
A participação da comunidade escolar na gestão das instituições de ensino é uma questão estratégica para o futuro de todos. Quando não há comunicação entre as partes, as escolas demoram muito tempo para se adaptar à realidade das pessoas.
Por outro lado, há instituições de ensino que encontram dificuldade na adoção de uma gestão mais democrática. Os gestores dessas escolas consideram intermináveis as discussões entre os membros da comunidade escolar, associando-as a atrasos nos processos de tomada de decisão.
Do ponto de vista dos alunos, a experiência da gestão democrática nas escolas é extremamente positiva. Eles entendem que não é apenas o diretor que tem o poder de decisão e que ele é compartilhado com todos os interessados — inclusive eles.
A participação da comunidade escolar no processo de democratização da gestão escolar é fundamental, pois, sem ela, não há democracia. As palavras democracia e participação andam de mãos dadas, pois um conceito remete ao outro.
Vale ressaltar que a participação, como em qualquer democracia, pode ser opcional — jamais uma obrigação. Por isso, é fundamental que se trabalhe a conscientização de toda a comunidade escolar para que seus membros enxerguem a oportunidade de cumprir com seus respectivos papéis sociais.
Essa conscientização envolve a mobilização individual e coletiva, com o objetivo de superar o comodismo e o individualismo — incentivando o trabalho em equipe para alcançar um bem maior.
Como resultado, obtém-se o conhecimento acerca da realidade da comunidade escolar que, por vezes, é totalmente diferente. Entretanto, o contato frequente permite a criação das melhores ações e condições para que sejam atendidas as necessidades dessa comunidade.
Quais são os benefícios da gestão escolar democrática?
Para estar alinhado com o conceito de gestão democrática nas escolas, você precisa ser um gestor que pela participação, transparência e descentralização das decisões envolvidas no cotidiano da instituição.
A busca por uma gestão compartilhada e baseada na discussão e consenso, entre os membros da comunidade escolar, convida todos para que exerçam um trabalho conjunto e focado em soluções.
Nenhuma decisão é tomada de forma autoritária, muito menos sem a prévia discussão — principalmente quando se tem em questão o futuro da sociedade. Por isso, gestores devem participar desse processo como mediadores.
Seu papel na gestão democrática é o de ser a referência para o diálogo, que promove os encontros necessários para que os membros da comunidade escolar participem ativamente do cotidiano da instituição.
Muitos benefícios são alcançados por meio desse modelo de gestão e você confere os principais a seguir:
Alunos mais responsáveis e politizados
A atual geração de crianças e adolescentes não viveu na época da repressão. Eles nasceram e estão crescendo em um mundo com mais liberdades e oportunidades. Por isso, devem aprender a valorizar esse momento.
Para tal, os estudantes precisam exercitar virtudes ligadas às políticas, como a identificação de problemas, a discussão das soluções, o consenso entre os envolvidos, a implementação das decisões e o asseguramento de que elas serão cumpridas.
Uma vez que a gestão democrática é horizontal, os alunos percebem que todos têm uma parcela de responsabilidade pelo que foi decidido e a forma com a qual será cumprido. Desse modo, eles ganham maturidade e aprendem um novo método de organização baseado na compreensão pelas necessidades dos demais.
Trata-se de um aprendizado que é levado para a vida, pois é criado um senso de responsabilidade em relação a outras escolas, como o voto. Assim, sua escola prepara alunos que são mais conscientes e ativos na sociedade.
Redução na quantidade de insatisfações
É comum, sob uma gestão autoritária, exista pessoas insatisfeitas. A insatisfação surge a partir da decisão unilateral do líder — que nem sempre é baseada nas necessidades e expectativas dos principais impactados por ela.
No ambiente escolar, os alunos podem ficar insatisfeitos com uma metodologia, regra ou conjunto de ações que foi determinado por alguém e que não atende às necessidades e expectativas deles.
Em compensação, na gestão democrática nas escolas, as decisões são tomadas coletivamente durante reuniões e encontros cujo foco está na busca por soluções consensuais — o que diminui a probabilidade de deixar alguém insatisfeito.
Esse modelo democrático de gestão permite que todos os membros da comunidade escolar tenham a chance de se expressar. Desse modo, eles propõem melhorias e as ações passam antes pela aprovação da maioria.
Uma vez que a comunicação é feita de maneira horizontal, não há mais motivos para que as insatisfações se sobreponham às escolhas, pois todos têm a possibilidade de participar do processo de decisão.
Aumento na quantidade de soluções criativas
Observe que, por meio da gestão democrática, a comunidade escolar ganha vez e voz para opinar e decidir o que é melhor para todos. Com isso, vem a descentralização das decisões e o consequente aumento nas soluções criativas.
Essa é uma vitória possível de se alcançar, pois as decisões deixam de ser tomadas somente por uma pessoa ou um grupo seleto. Quando são tomadas coletivamente, ficam suscetíveis às realidades de cada um.
Diante de um problema de aprendizado, por exemplo, a equipe pedagógica pode pensar a partir das técnicas dominadas. Em compensação, os alunos conseguem mostrar outros aspectos ligados ao dia a dia.
É muito importante que seja valorizada a interação entre as diferentes gerações e suas respectivas perspectivas de vida. Isso tende a ser mais produtivo do que a gestão tradicional — que nivela muito a vivência de quem toma a decisão.
Melhora no rendimento escolar
Note que a gestão democrática incentiva a participação dos alunos, aumentando o interesse deles pelo cotidiano da instituição — o que incentiva também a melhora no rendimento escolar.
A escola passa a ser vista pelos alunos como um espaço que está sob a responsabilidade de cada um, ao invés de ser aquele lugar estranho que só é frequentado por uma força maior — a obrigação de estudar.
Quando os alunos participam da gestão escolar, o interesse deles é refletido na participação em sala de aula, no interesse pelos conteúdos e até no modo como eles cuidam da instituição.
Como colocar esse tipo de gestão em prática em minha escola?
Ouça a comunidade escolar
Essa é a principal função de um gestor. A escola é feita para suprir as necessidades da comunidade, portanto, é fundamental que você conheça saiba da existência de cada uma delas. E você obtém isso por meio do diálogo.
Valorize a participação de todos e, como gestor, adote o papel de intermediador para dar a oportunidade de todos se manifestarem. Para que o diálogo se estabeleça, todos precisam ser ouvidos.
Faça com que a comunidade escolar esteja envolvida na criação dos projetos educativos. Apresente-os para que sejam avaliados e recebam críticas, elogios e sugestões de melhoria.
Abra as portas da instituição para que a comunidade se sinta à vontade nele. Desse modo, você consegue construir um laço de confiança com os alunos, pais e responsáveis, além de aprender a lidar de maneira diferente com vários assuntos.
Faça um planejamento escolar eficiente
O planejamento é essencial para que a gestão escolar democrática possa existir e funcional em sua plenitude. Falar é diferente de fazer, portanto, planejar é uma etapa fundamental para que esse modelo de gestão possa existir.
Convoque os principais agentes da formação acadêmica para que, juntos, possam estabelecer os passos necessários para a transformação do modelo de gestão escolar. Além disso, distribua responsabilidades.
Por meio do planejamento e consequente conversa com a comunidade escolar, torna-se possível escolher a representatividade de cada parte. Alunos, famílias, gestores, funcionários e professores devem ter um ou mais papéis nesse contexto.
Promova a união entre todas as partes
A união entre os membros da comunidade escolar não deve ficar restrita às reuniões e conversas que falam sobre as ações da instituição. É preciso ir além, incentivando a participação de todos nas ações e decisões.
Como gestor, cabe a você criar e fortalecer os laços que incentivam a comunidade escolar a participar da implementação dessa gestão democrática nas escolas. Contudo, essa não é uma missão tão fácil.
Será necessário investir em tempo e bastante diálogo para convencer as pessoas de que elas têm um papel fundamental dentro da instituição — principalmente os pais e responsáveis que enxergam a escola apenas como a responsável pela educação dos filhos.
Isso revela a importância do planejamento, que envolve a criação dos momentos certos em que os membros da comunidade escolar serão abordados e apresentados ao modelo democrático de gestão escolar.
Nesses encontros, levante as necessidades da comunidade a partir das considerações apresentadas. Aproveite a oportunidade para explicar as razões que baseiam essa mudança na gestão.
Dê transparência às tomadas de decisão
Tenha em mente que, mesmo quando são tomadas de maneira coletiva, as decisões nem sempre ficam claras para todos os envolvidos. Isso revela a necessidade de dar o máximo de transparência para esse processo.
Todas as ações da instituição devem ser divulgadas — algo que pode acontecer nos corredores, no portal do aluno e até redes sociais. O importante é que todos conheçam as ações e as consequências dela no dia a dia da comunidade.
Esse é um modo de se estabelecer uma parceria entre todos, deixando claro que é do interesse da escola que a comunidade saiba o que acontece dentro dela — facilitando também o caminho inverso.
Você é um líder que trabalha, coopera e sugere o que sabe fazer. Contudo, como gestor democrático, pode adotar uma postura mais voltada para a coletividade do que as próprias decisões.
Ao adotar uma gestão democrática em sua instituição, você aprende e assume responsabilidades novas. Desse modo, adquire e oferece autonomia para os membros da comunidade escolar possam buscar soluções que agreguem ao desenvolvimento do projeto pedagógico da instituição.
Isso motiva as pessoas, deixando-as com o desejo constante de crescer. Assim, a gestão democrática nas escolas cria líderes e prepara as pessoas para as necessidades futuras da sociedade.
Preparado para estabelecer um modelo democrático de gestão na sua escola? Deixe seu comentário a seguir!