O Projeto Político Pedagógico (PPP) é um documento previsto pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Ele auxilia na organização e no direcionamento do ano letivo e é muito conhecido no ambiente educacional. Contudo, a sua confecção varia de instituição para instituição e, por isso, algumas dúvidas podem surgir quanto à sua estrutura.

O PPP funciona como um mapa que guia a instituição no sentido do crescimento e da melhoria da qualidade de ensino. Por isso, é essencial que o Projeto Político Pedagógico leve em consideração aspectos como a realidade socioeconômica e cultural da comunidade escolar. 

O Escolaweb te conta agora mesmo o que é um Projeto Político Pedagógico , qual a sua importância e como desenvolvê-lo. Confira!

O que é o Projeto Político Pedagógico?

De forma geral, o famoso PPP é um documento obrigatório para todas as escolas e instituições de ensino do país. Ele contém as diretrizes da instituição, bem como suas metas e objetivos para o ano letivo.

Desse modo, podemos falar que o Projeto Político Pedagógico de uma escola deve levar em consideração não apenas os professores, mas toda a equipe pedagógica, bem como os estudantes e seus familiares. Nesse sentido, é possível destrinchar o documento em três etapas:

• Projeto: conglomerado de propostas e metas que deverão ser cumpridas em um determinado período de tempo.
• Político: função social da escola de contribuir para o desenvolvimento individual e coletivo dos estudantes.
• Pedagógico: vertente pedagógica que abarca o projeto, as atividades e a metodologia de ensino-aprendizagem da escola. 

Ou seja, o PPP não é um plano de aula, mas sim um mapa a ser seguido por todos os membros da comunidade escolar. É a partir dele que serão definidas as temáticas trabalhadas e qual a melhor forma de abordá-las levando em consideração o contexto social, econômico, étinico e cultural.

O Projeto Político Pedagógico tem uma longa história, mas com eficácia comprovada para o bom desenvolvimento das diretrizes de educação.

A partir da década de 1980, o Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública iniciou um processo para instituir uma gestão democrática no ensino. Foi isso que deu a autonomia escolar que nós temos hoje. Além disso, gerou diversas consequências positivas, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em 1996.

De acordo com os artigos 12 a 14 da LDB, a escola tem autonomia para determinar qual será o seu PPP e a estrutura que será seguida. O documento, então, é encaminhado para a secretaria de ensino e deve ser revisado pela instituição de ano em ano. 

Importância do Projeto Político Pedagógico

O PPP é um dos documentos mais importantes para o andamento de uma instituição de ensino, afinal, ele contempla todo o trabalho desenvolvido na instituição ao longo do ano letivo. Ele é o norte para o qual todos os membros da comunidade devem se voltar.

Por isso, é indispensável que o Projeto Político Pedagógico seja atualizado anualmente, de modo que ele se mantenha vivo dentro da instituição. É justamente a partir dos indicadores trazidos pelo PPP que a escola vai ter consciência empresarial do que realmente precisa ser feito para melhorar a qualidade do ensino. 

Contudo, infelizmente, é comum ver o PPP engavetado e tornando-se algo meramente burocrático. E isso é um verdadeiro problema, já que os indicadores servem justamente para identificar as falhas e trabalhar soluções efetivas. Ou seja, a escola precisa saber o que fazer com os dados que obtêm para chegar nos melhores resultados.

Uma escola que quer proporcionar uma educação eficiente e de qualidade deve saber a importância que o Projeto Político Pedagógico tem. Ele deve ser um caminho flexível e que se adapta às necessidades que os alunos e a própria instituição apresentam.

Quem deve elaborar o PPP?

Não existe uma regra para a elaboração do PPP. Cada escola tem liberdade e autonomia para confeccionar o documento da maneira que melhor lhe convir. 

Contudo, a verdade é que o Projeto Político Pedagógico costuma acabar se voltando para a figura central da escola: o diretor ou gestor escolar.

Contudo, por se tratar de um documento colaborativo e que precisa levar em consideração as demandas e necessidades de toda a comunidade escolar, o ideal é que professores e outros membros também participem, de forma direta ou indireta, da confecção do projeto. 

O que não pode faltar no PPP?

Antes de tudo, o PPP deve conter as informações gerais que identificam a escola. Também é essencial descrever a missão e as características dos clientes. Além de recursos, formação do corpo administrativo e docente, conselho de pais e mestres e planos de ação estratégicos.

O projeto também deve apresentar outras informações como a forma de avaliação dos alunos e os projetos que serão desenvolvidos ao longo do ano. Assim como os temas que geram debates e as aulas temáticas que os professores desenvolverão.

Outro ponto importante é o método de ensino e os nomes dos autores em que se baseia o processo de aprendizagem, por exemplo. Além disso, qual é o modelo pedagógico da escola e como esse trabalho será desenvolvido por ela.

Ou seja, o PPP é responsável tanto por fazer uma avaliação geral da educação como por direcionar as etapas a serem seguidas durante o ano. Sendo assim, podemos resumir dizendo que deve constar no PPP:

• Identificação da escola:

Nessa parte inicial, devem constar os dados gerais sobre a escola. Tais como CNPJ, endereço, entidade mantenedora, nome do diretor e do coordenador pedagógico e membros da equipe de elaboração do PPP. Além disso, suas características: se a escola atende ao Ensino Fundamental, Médio e/ou Técnico, horários de atendimento, turnos, etc.

• Missão:

A missão se refere aos valores e princípios em que a escola se baseia. Essa parte do documento pode começar com um histórico da instituição, por exemplo. Desde a sua fundação, por quais mudanças passou e outras informações relevantes, que reforcem as suas diretrizes.

• Qual a metodologia de ensino;

Aqui, são detalhadas as diretrizes da escola, como, por exemplo, o modelo pedagógico (tradicional, democrático, construtivista, etc.). Deve-se explicar o que está previsto no currículo para cada nível ou etapa escolar. É o que permite uma construção mais sólida da estrutura pedagógica da instituição.

• Dados:

Essa parte do documento interessa diretamente aos pais, já que eles procuram indicativos para saber a qualidade do ensino da instituição.

Portanto, nesse tópico, entra o número atualizado de alunos na escola (total e por segmento), as taxas de reprovação e a média de notas. Bem como o desempenho nas avaliações governamentais, os prêmios recebidos (quando houver) e outros.

• Contexto:

A equipe que elabora o PPP pode, por exemplo, levantar informações básicas, usando as fichas de matrícula dos alunos. A partir daí, fazer uma pesquisa para ter informações mais específicas, como a situação socioeconômica das famílias e da comunidade ao redor.

• Qual a forma de avaliação:

Quais os tipos de avaliação que serão aplicados em cada etapa escolar e quais serão os critérios usados para atribuir as notas aos estudantes. 

• Qual as fontes (autores, vertentes, etc.):

Neste tópico deve-se citar as fontes usadas na confecção dos projetos, avaliações e metodologias escolhidas. 

• Etapas a serem seguidas:

Por último, mas não menos importante, entra o plano de ação. O PPP deve conter as propostas de ações que serão feitas para que a instituição alcance seus objetivos e metas. Por exemplo, o que deve ser feito para que, no final do ano, haja 100% de aprovação ou quais índices de qualidade precisam melhorar.

Como elaborar um Projeto Político Pedagógico?

Para que o Projeto Político Pedagógico seja eficaz para o desenvolvimento da escola, é preciso saber como ele deve ser elaborado. Ou seja, quais as melhores práticas que devem ser adotadas. Veja abaixo!

1 – Conhecimento regional

Toda escola nasce com o propósito de instruir e formar cidadãos dentro da comunidade que está inserida. Sendo assim, é fundamental fazer uma análise dos motivos da existência de uma instituição de ensino naquele ambiente.

A equipe escolar também deve perceber se a comunidade é carente ou não. Isso é, qual o poder aquisitivo das famílias, assim como os costumes, moradias, etc. Tudo que indique o contexto socioeconômico do entorno da escola.

2 – Incentive a participação da comunidade escolar

Na teoria, todos que fazem parte do crescimento e desenvolvimento da instituição devem elaborar esse documento. Ou seja: pais, mestres, coordenação, diretoria, etc. O que acontece naturalmente em uma gestão participativa.

Mas, infelizmente, é comum que os gestores escolham fazer o PPP por meio de consultores externos ou até mesmo por cópias compradas de outras escolas.

O ideal seria que sua elaboração fosse colaborativa. Isso é, com a colaboração de várias pessoas de diferentes competências e atribuições, por mais que a escola tenha a autonomia de fazer o que achar melhor.

3 – Plano de ação a partir da matrícula

Vários indicadores podem ser formulados a partir do momento em que a matrícula é efetivada. Esses dados, inclusive, são muito úteis na criação do Projeto Político-Pedagógico da escola.

Por meio da matrícula, a escola consegue mapear a localização dos alunos para prever, por exemplo, se pode ou não ocorrer evasão escolar e quais as ferramentas necessárias para controlar a situação.

4 – Respeito às Diretrizes Legais

Apesar das instituições terem liberdade e autonomia para elaborar o seu Projeto Político Pedagógico, é essencial que o PPP seja confeccionado em observância às diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e, claro, às Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 

Quais os erros comuns na elaboração e execução do Projeto Político-Pedagógico?

Infelizmente, muitas escolas não dão o devido valor ao Projeto Político Pedagógico e cometem erros que prejudicam diretamente o desenvolvimento da instituição. Veja alguns dos mais comuns a seguir:

• Copiar o Projeto Político-Pedagógico de outra instituição;
• Não revisar anualmente o documento;
• Não ter transparência quanto às metas e propostas;
• Ignorar conflitos de ideias entre docentes e gestores;
• Não aceitar a evolução tecnológica e seguir com métodos ortodoxos e pouco eficazes.

Conclusão

Em resumo, para elaborar o Projeto Político-Pedagógico, a escola deve fazer um diagnóstico interno. Ou seja, é preciso identificar o contexto social em que ela está inserida e o seu papel como um ambiente de ensino. A partir disso, a gestão escolar vai definir quais são os próximos passos para melhorar seus resultados.

Lembre-se de que o PPP deve ser flexível. Ele apenas indica qual direção seguir, mas deve ser aberto a críticas, ajustes e contribuições.

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