Nos últimos anos, muitas escolas brasileiras têm buscado metodologias diferentes para melhorar a experiência de ensino e aprendizagem. Entre as abordagens mais comentadas e adotadas no cenário da educação infantil está a Reggio Emilia. Criada na Itália, essa proposta tem conquistado espaço por valorizar a escuta da criança, a autonomia e o aprendizado por meio da investigação. Para os gestores escolares, compreender essa metodologia é essencial para promover mudanças significativas no projeto pedagógico e garantir um ambiente mais ativo, acolhedor e respeitoso.
Aplicar uma nova abordagem educacional não depende apenas da formação dos professores ou da escolha de materiais diferentes. Requer alinhamento institucional, reformulação de práticas, reorganização dos espaços e, acima de tudo, entendimento claro sobre o que se propõe.
O que é a abordagem Reggio Emilia
A abordagem Reggio Emilia surgiu no norte da Itália, na cidade de mesmo nome, após a Segunda Guerra Mundial. Foi idealizada por Loris Malaguzzi, um pedagogo que acreditava profundamente na capacidade das crianças de pensar, questionar, experimentar e construir conhecimento a partir de suas próprias experiências.
Diferente de modelos mais tradicionais, a proposta de Reggio parte do princípio de que a criança é protagonista do processo educativo. Ela é vista como um ser competente, capaz de interagir com o mundo e com os outros por meio de múltiplas linguagens — o desenho, a fala, o corpo, os sons, os objetos. Nesse contexto, o papel do adulto é o de mediador atento, que observa, escuta e organiza experiências ricas em significado.
É uma abordagem flexível, baseada em projetos, que se adapta ao contexto de cada escola e valoriza o cotidiano como espaço de aprendizagem. O ambiente, inclusive, é considerado o “terceiro educador”, ou seja, um espaço que fala, que acolhe e que provoca curiosidade.
Princípios da metodologia Reggio Emilia
A abordagem Reggio Emilia é guiada por princípios claros, que precisam ser incorporados de forma genuína para que a proposta se sustente. Veja os principais:
1. A escuta como base da relação educativa
Escutar a criança é fundamental para compreender seus interesses, suas perguntas e suas hipóteses. O adulto observa e registra, mas sem impor o que deve ser aprendido. O planejamento parte da escuta.
2. A aprendizagem como processo coletivo
Os projetos nascem das experiências compartilhadas entre crianças e professores. O grupo aprende junto, refletindo, discutindo e produzindo conhecimento com base em situações reais.
3. A documentação pedagógica como instrumento de reflexão
Tudo o que é feito com as crianças é documentado: conversas, desenhos, hipóteses, produções. Esses registros são analisados pela equipe e ajudam a entender o percurso de aprendizagem.
4. O ambiente como educador
Os espaços da escola são cuidadosamente pensados para favorecer a interação, o cuidado e a investigação. A sala de aula não é estática: ela muda conforme os projetos se desenvolvem. Esse cuidado com a organização do ambiente também se conecta com uma rotina que valoriza a criança.
5. O professor como pesquisador
O educador não transmite conteúdo pronto, mas constroi o conhecimento junto com as crianças. Ele também investiga: registra, reflete, estuda e planeja a partir do que observa.
6. A valorização das múltiplas linguagens
A criança se expressa de muitas formas, não apenas pela fala ou escrita. O desenho, a música, a escultura, o teatro e outras linguagens são meios legítimos de pensamento e comunicação.
Esses princípios aproximam a abordagem de outras práticas centradas na autonomia do aluno, como as metodologias ativas de aprendizagem. A diferença está no grau de escuta e liberdade que a Reggio Emilia oferece às crianças desde muito pequenas.
Diferenças entre as abordagens Reggio Emilia e Montessori
É comum que gestores comparem Reggio Emilia à pedagogia Montessori. Ambas nasceram na Itália e valorizam a autonomia infantil, mas têm concepções e práticas bem diferentes.
Montessori é uma metodologia estruturada, com materiais específicos e uma organização bastante sistematizada. As crianças seguem planos individuais de trabalho e o ambiente é preparado com materiais autocorretivos.
Já a abordagem Reggio Emilia não segue um currículo fechado nem exige materiais padronizados. O foco está nos projetos coletivos, na escuta e na documentação do processo. O ambiente é mutável, construído com elementos do cotidiano e com base nas descobertas das próprias crianças.
Montessori valoriza o silêncio e a concentração individual. Reggio Emilia aposta no diálogo, na troca de ideias, na expressão em grupo. São caminhos distintos, ambos válidos, que devem ser escolhidos com base no perfil da escola, da equipe e da comunidade.
Como aplicar a abordagem Reggio Emilia na sua escola
A implementação de qualquer abordagem exige planejamento, envolvimento coletivo e disposição para repensar práticas. Veja algumas diretrizes para gestores que desejam aplicar a Reggio Emilia:
1. Reestruture o projeto político-pedagógico (PPP)
Não é possível implementar uma nova abordagem sem ajustar o projeto político pedagógico. Ele precisa refletir a visão da escola sobre infância, aprendizagem, papel do professor e participação das famílias. Reunir a equipe para reescrever o PPP de forma colaborativa é o primeiro passo.
2. Capacite a equipe pedagógica
Professores precisam ser formados para atuar como pesquisadores, escutadores e mediadores. Investir em formação continuada de professores com foco na abordagem é fundamental. Também é necessário tempo para estudo, reflexão coletiva e desenvolvimento de projetos.
3. Transforme os espaços escolares
A sala de aula tradicional dá lugar a ambientes mais abertos, com materiais diversos, espaços de criação e reorganização constante. A escola precisa ser um lugar que acolhe e provoca, que permite à criança explorar e se expressar livremente.
4. Fortaleça o vínculo com as famílias
A abordagem Reggio Emilia considera a família como parte do processo educativo. Promover reuniões participativas e canais de diálogo com os responsáveis, ajuda a alinhar expectativas e engajar a comunidade.
5. Adote a documentação como prática central
Registrar falas, desenhos, hipóteses e trajetórias de aprendizagem ajuda a valorizar o processo vivido pelas crianças. A documentação não é apenas memória: é instrumento de escuta, planejamento e comunicação com as famílias.
6. Desenvolva projetos com base nos interesses das crianças
Não há sequência rígida de conteúdos. Os projetos surgem a partir das perguntas, curiosidades e vivências do grupo. O professor propõe desafios, organiza materiais e amplia as possibilidades de investigação. Essa abordagem valoriza a aprendizagem significativa e o desenvolvimento socioemocional.
7. Reforce os vínculos entre coordenação, direção e professores
Coordenadores pedagógicos precisam acompanhar os projetos, dar suporte à equipe, propor reflexões e ajudar a manter a coerência com a abordagem.
O melhor software de gestão escolar para aplicar uma nova abordagem na sua escola
Ao adotar uma metodologia como Reggio Emilia, é essencial que a gestão da escola acompanhe essa transformação. Isso significa ter um sistema que permita registrar os projetos pedagógicos, organizar reuniões pedagógicas, acompanhar o desenvolvimento dos alunos e manter as famílias informadas com clareza e agilidade.
O melhor sistema de gestão escolar é aquele que se adapta às necessidades da sua escola, apoia o cotidiano pedagógico e permite que o gestor tenha uma visão completa da instituição. Um bom software não só facilita o trabalho da equipe, como garante que as mudanças na prática educativa sejam sustentáveis e bem monitoradas.
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